O local onde ocorrem as cerimonias e cultos no candomblé chama-se Terreiro ou Barracão.
O Terreiro visitado foi o Ilé Axé Omo Alade, comandado pelo Babalorixá Pai Jaques de Logun Edé.
Diferentemente do que se espera por conta do imaginário que se criou em torno do candomblé, logo ao entrar no local é possível perceber a limpeza e organização do ambiente e também a simplicidade.
O ambiente principal é uma sala comum com um piso frio, em tom azulado e paredes brancas. Todas as paredes são muito bem ornadas com quadros e alto-relevos representando ora ritos de iniciação, ora orixás.
No centro da sala há um pilar de sustentação em torno do qual foram colocados diversos objetos formando uma composição bastante trabalhada. Esta composição é o que mais nos chama a atenção ao entrarmos no ambiente. Ela representa Logun Edé. Nesta casa este orixá recebe mais destaque que os demais,pois o pai de santo que comanda o terreiro é filho deste orixá.
Entre os objetos destacam-se duas presas de elefante entalhadas e com faixas em espiral pintadas em tinta dourada. Estas peças de marfim estão colocadas cuidadosamente sobre pequenos pilares com capitéis ao estilo coríntio e tem claramente uma posição de destaque na composição. Ao nos aproximarmos é possível ver com mais clareza os detalhes dos entalhes no marfim. Eles representam por meio de desenhos a evolução da humanidade contada por etapas iniciando-se no topo e estendendo se para baixo ao longo de toda a peça. Nela, podemos observar o surgimento da humanidade, a escravidão, as ofertas realizadas, o sofrimento do negro e a catequização.
É interessante observar que pelo fato de o candomblé ser uma religião africana, a história da humanidade é contada a partir do ponto de vista dos negros que foram capturados e trazidos para o Brasil.
Ao centro, exatamente na frente do pilar de sustentação há uma ânfora de água bastante grande. Ela é azul e adornada com um rosto em alto relevo, pequenos Búzios, dois Chifres, uma representação de Arco e Flecha e um instrumento feito com rabo de cavalo chamado Erukerê.
Nos foi explicado que o nome desta ânfora é Quartilhão, e que a ânfora pequena na frente desta chama-se quartinha. Ao lado do Quartilhão, no chão há dois peixes, que juntamente com a água no interior das ânforas e os dois grandes cavalos marinhos dourados no topo do Quartilhão, representam os rios e a pesca, ao passo que o Erukerê, os chifres e o Arco e Flecha representam a caça.
Todos estes objetos são referências diretas a Logun Edé. Este orixá é filho de Oxum e de Oxóssi, e passa seis meses do ano nas matas caçando com Oxóssi e seis meses nos rios pescando com Oxum, sendo desta forma também um representante da fartura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário