quinta-feira, 17 de maio de 2012

Nanã


Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Oduduá separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã.
Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nanã é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.
Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.
A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.
A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nanã faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nanã.
Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.
Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra, pois ela é a História, é a água parada, água da vida e da morte.
Nanã é o começo porque ela é o barro e o barro é a vida. Nanã é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos Igbás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas ações vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.
Nanã, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, Nanã, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.


DIA DA SEMANA - Terça-feira

CORES - Anil, Branco e Roxo

SÍMBOLOS - Vassoura e o Ibirí

ELEMENTO - Terra, Água, Lodo

COMIDAS - Pirão, Jaca e Sarapatel

BEBIDA - Vinho

SINCRETISMO - Santa Ana - Sant'Ana / Santana

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ewá


O Orixá Ewá é uma bela virgem que entregou o seu corpo jovem a Xangô, marido de Oya, despertando a ira da rainha dos raios. Ewá refugiou-se nas matas inalcançáveis, sob a protecção de Oxóssi, e tornou-se uma guerreira valente e caçadora habilidosa. As virgens contam com a protecção de Ewá e, aliás, tudo que é inexplorado conta com a sua protecção: a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode nadar ou navegar. A própria Ewá, acreditam alguns, só rodaria na cabeça de mulheres virgens (o que não se pode comprovar), pois ela mesma seria uma virgem, a virgem da mata virgem dos lábios de mel.
Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os oráculos, Orunmilá lhe concedeu. Em África, o rio Yewá é a morada desta deusa, mas a sua origem gera polémica. Há quem diga que, tal como Oxumaré, Nanã, Omulú e Iroko, Ewá era cultuada inicialmente entre os Mahi, foi assimilada pelos Iorubas e inserida no seu panteão. Havia um Orixá feminino oriundo das correntes do Daomé chamado Dan. A força desse Orixá estava concentrada numa cobra que engolia a própria cauda, o que denota um sentido de perpétua continuidade da vida, pois o círculo nunca termina. Ewá teria o mesmo significado de Dan ou uma das suas metades – A outra seria Oxumaré. Existem no entanto, os que defendem que Ewá já pertencia à mitologia Nagô, sendo originária na cidade de Abeokutá. Estes, certamente, por desconhecer o panteão Jeje – No qual o Vodun Eowa, seria o correspondente da Ewá dos Nagô – Confundem Ewá com uma qualidade de Iemanjá. Erram porque Ewá é um Orixá independente, mas a sua origem não se esclarece sequer entre os Jeje, pois em respeitados templos de Voduns se afirma que Eowa é Nagô. Eowá foi uma cobra muito má e por isso foi mandada embora. Acabou por encontrar abrigo entre os Iorubas, que a transformaram numa cobra boa e bela, – A metade feminina de Oxumaré. Por esse motivo, Oxumaré e Ewá, em qualquer ocasião, dançam juntos.

DIA DA SEMANA - Sabado

CORES - Vermelho, Amarelo, Coral, Rosa

SÍMBOLOS - Ejô (cobra) e Espada, Ofá (lança ou arpão)

ELEMENTO - Céu e Terra

COMIDAS - Frutas


Oxumaré


Oxumaré é o Orixá do arco-íris e da transformação. É o Orixá das adivinhações, grande feiticeiro e curador. Tem dupla representação, hora como arco-íris, hora como o homem serpente. Oxumaré (Òsùmàrè) é o orixá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré perder suas forças o mundo acabará, porque o universo é dinâmico e a Terra também se encontra em constante movimento. Imaginem só o planeta Terra sem os movimentos de translação e rotação; imaginem uma estação do ano permanente, uma noite permanente, um dia permanente. É preciso que a Terra não deixe de se movimentar, que após o dia venha a noite, que as estações do não se alterem, que o vapor das águas suba aos céus e caia novamente sobre a Terra em forma de chuva. Oxumaré não pode ser esquecido, pois o fim dos ciclos é o fim do mundo.
Oxumaré mora no céu e vem à Terra visitar-nos através do arco-íris. Ele é uma grande cobra que envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo. Filho de Nanã Buruku, Oxumaré é originário de Mahi, no antigo Daomé, onde é conhecido como Dan. Na região de Ifé é chamado de Ajé Sàlugá, aquele que proporciona a riqueza aos homens. Teria sido um dos companheiros de Odudua por ocasião de sua chegada a Ifé. Dizem que Oxumaré seria homem e mulher, mas, na verdade, este é mais um ciclo que ele representa: o ciclo da vida, pois da junção entre masculino e feminino é que a vida se perpetua. Oxumaré é um Orixá masculino. Oxumaré é um deus ambíguo, duplo, que pertence à água e à terra, que é macho e fêmea. Ele exprime a união de opostos, que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e da vida. Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito). Oxumaré mostra a necessidade do movimento da transformação. Omulú é o irmão mais velho de Oxumaré, mas foi abandonado por sua mãe por ter nascido com o corpo coberto de chagas. Em tempo, não se pode condenar Nanã por esse acto, já que era um costume, quase uma obrigação ritual da época, que se abandonassem as crianças nascidas com alguma deformidade. O deus do destino disse a Nanã que ela teria outro filho, belíssimo, tão bonito quanto o arco-íris, mas que jamais ficaria junto dela. Ele viveria no alto, percorreria o mundo sem parar. Nasceu Oxumaré. Oxumaré que fica no céu controla a chuva que cai sobre a terra. Chega à floresta e respira como o vento.

DIA DA SEMANA - Terça- feira

CORES - Amarelo e verde (ou preto) e todas as cores do arco-íris

SÍMBOLOS - Ebiri, serpente, círculo, bradjá.

ELEMENTO - Céu e terra

COMIDAS - Batata Doce ou Amendoim cozido com casca

SINCRETISMO -  São Bartolomeu 24 de agosto


Obaluaê / Omulú


Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”. É preciso esclarecer, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esses elementos como comprovam os vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta. Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o que é correto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por Omolú! Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé). As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas predilectas do orixá Omolú; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo quando recebe sua oferenda preferida. Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região. Entre os Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de Sapata-Ainon, que significa ‘Dono da Terra’; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú. Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê. O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte. O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo, revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber. Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só podem ser compartilhados entre o iniciados. A relação de Omolú com a morte dá-se pelo facto de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte. Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo, conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres, pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a Omolú que nunca lhes falta.

DIA DA SEMANA - Segunda - Feira

CORES -  Preto, branco e vermelho

SÍMBOLOS -  Xaxará ou Íleo, lança de madeira, lagidibá.

ELEMENTO - Fogo, Terra (interior da terra)
PLANTAS - Alfavaca-roxa, Alfazema, Babosa, Capixingui.

COMIDAS - Doburu (pipoca enfeitada com fatias de coco), Ewa Dudu (feijão preto com dendê) Eram Kekerê (carnes em fatias), Dodokindó (banana da terra frita), cuscuz e milho.

SINCRETISMO São Lazaro (17/12), São Roque (16/08)


Ossaim


Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força. Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimônia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas. Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.
A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.
Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande (ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de toda a folha possui um só tronco.
De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.
Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.
Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado. Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.

DIA DA SEMANA - Quinta – Feira.

CORES - Tanto na Umbanda como no Candomblé suas cores são o verde claro e o branco.

SÍMBOLOS - Igbá Òssanyin

ELEMENTO - Terra (e campos cultiváveis).

ANIMAIS - Pássaros.

PLANTAS - Todas

COMIDAS - Feijão preto com mel e coco

BEBIDAS - Cachaça

SINCRETISMO - São Benedito - comemorado no dia 05 de outubro.


Oxossi - Odé


Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.
Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.
A coleta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.
Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
Em África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.
Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.
Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou orixá.
Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.

DIA DA SEMANA - Quinta – Feira.

CORES - Azul-Turquesa (no Candomblé) Verde (na Umbanda)

SÍMBOLOS Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré

ELEMENTO - Terra (florestas e campos cultiváveis).

ANIMAIS- Cervo, lebre e outros animais da selva.

PLANTAS - Acácia-jurema, Alecrim de Caboclo, Alfavaca do campo, Alfazema de caboclo, Araçá (praia, campo, araçá de coroa)

COMIDAS - Milho com melado e coco

BEBIDAS - Cerveja Branca, Suco de fruta

SINCRETISMO - São Jorge, São Sebastião


Ogum


Ogum é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e da tecnologia. Protetor dos ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, talhantes, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.
Orixá conquistador.Ogum fez-se respeitar em toda a África negra pelo seu caráter devastador. Foram muitos os reinos que se curvaram diante do poder militar de Ogum.
Entre os muitos Estados conquistados por Ogum estava a cidade de Iré, da qual se tornou senhor após matar o rei e substituí-lo pelo seu, próprio filho, regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré. Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé.
Ogum é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. Ogum é o último imolé. Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda.
Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza. Em todos os cantos da África negra Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com a sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente, por isso antes de ser temido Ogum é amado.

DIA DA SEMANA - Terça- Feira.

CORES - Verde ou Azul- escuro (no candomblé) e Vermelho (na umbanda).

SÍMBOLOS - Bigorna, Faca, Pá, Enxada e outras ferramentas

ELEMENTO - Fogo Terra (florestas e estradas)

PLANTAS - Espada de São Jorge, Bredo, Caruru -de- porco, Capixaba, Goiabeira, Cajazeira, Peregun nativo.

 METAL - Todos

COMIDAS - Feijão Preto com Cebola (macundé).

BEBIDAS - Cerveja Branca

SINCRETISMO - São Jorge (23/04)


domingo, 13 de maio de 2012

Exú

Figura mais controvertida do panteão africano, o mais humano de todos os orixás, senhor do principio da transformação. Senhor da terra e do universo.

Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem em seu dia–a-dia.
Muitas são as confusões e equívocos que fazem com seu nome e forma, sendo uma das piores comparações feita pela religião católica; o comparando à lúcifer (diabo), ser desprezado pela religião por causar maldade e discórdia despejando perversidade e semeando o mau em os seres humanos.


Exu na realidade contem todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano, pois não é totalmente bom e também não totalmente mau assim tendo sentimentos como o homem de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.

Exu é o orixá que entende como ninguém o principio da reciprocidade, e se agradado, saberá retribuir, tornando-se amigo, e um fiel escudeiro. No entanto quando é contrariado ou desagradado, se torna um dos priores inimigos,tira a sorte daquele que o afrontou, traz discordia, confusões e fecha seus caminhos.

Exu é a força, o ser mais importante da cultura ioruba, sem ele o mundo não faria sentido, pois só através dele e que temos acesso aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré, pois Exu fala todas as línguas e permite a comunicação entre o Orum e o Aiê e entre os seres humanos, sendo assim Exu seria em outras religiões um espírito santo ou um guia de luz, aquele que orienta e previne o ser humno de cometer atos ilícitos.

Exu foi a primeira forma dotada de existência individual, Não se sabe ao certo sua região de origem na áfrica, pois em todos os reinos se presta culto a Exu.
DIA DA SEMANA Segunda-feira.

CORES Preto , vermelho e cinza

SÍMBOLOS Tridente e/ou bastão (opa ogó) 

ELEMENTO Fogo.

PLANTAS Pimenta, capim tiririca, urtiga. Arruda, salsa, hortelã.

ANIMAIS Bode.,galos, e etc..

METAL Bronze, ferro (minério bruto).

COMIDAS Farofa de dendê, bife acebolado, picadinho de miúdos.

BEBIDAS Cachaça.

SINCRETISMO Santo Antônio (13/06)



sábado, 12 de maio de 2012

Arte II

Feitas com gesso sobre a madeira.

Exú

 



Iansã

 



Logun Ede

 



Obaluaê

 



Odé

 



Ogun

 







Arte I

Quadro "A Iniciação"

Peça única, localizada no Ilê Axé Omo Alade.
O quadro traz a representação de 5 Yaôs.
O Ato de iniciação representa o começo da vida do ser humano para o culto aos Orixás.
Através de fundamentos e atos feitos internamente (segredos não divulgados), o ato de sair pintado colorido, com fios de conta e careca, representa a pureza, a preparação para o transe do Orixá ou seja, o começo do caminho para que acredita e enxerga no Orixá e na Religião, o seu bem estar mental, espiritual e pessoal.           




Chifre de Marfim

Escuturas que contam a evolução da humanidade....

Peça presenta no Ilé Axé Omo Alade que tem como Sacertode (Babalorixá - Pai de Santo) Pai Jaques de Logun Edé.
Na peça está escupida a evolução da humanidade contada por etapas e cima para baixo.
Podemos visualizar desde o surgimento da humanidade, a escravidão, as ofertas realizadas, o sofrimento do negro e a catequização.
Localizada ao Centro de seu Terreiro (Barracão), é impossível não notar tamanha beleza, pois pode ser notada de qualquer parte de seu local de culto ao Orixá.




            

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ritmos e Toques dos Atabaques

ADABI – Bater para nascer é seu significado. Ritmo dedicado a Exú.

ADARRUM – Ritmo invocatório de todos os Orixás. Rápido, forte e contínuo marcado junto com o Agôgô. Pode ser acompanhado de canto especialmente para Ogum.

AGUERE – Em Yorubá significa “lentidão”. Ritmo cadenciado para Oxóssi com andamento mais rápido para Iansã. Quando executado para Iansã é chamado de “quebra-pratos”

ALUJÁ – Significa orifício ou perfuração. Toque rápido com características guerreiras. É dedicado a Xangô.

BRAVUM – Dedicado a Oxumaré .Ritmo marcado por golpes fortes do Run.

HUNTÓ ou RUNTÓ – Ritmo de origem Fon executado para Oxumaré. Pode ser executado com cânticos para Obaluaiê e Xangô

IGBIN – Significa Caracol. Execução lenta com batidas fortes. Descreve a viagem de um Ancião. É dedicada a Oxalufã.

IJESA – Ritmo cadenciado tocado só com as mãos. É dedicado a Oxum quando sua execução é só instrumental.

ILU – Termo da língua Yorubá que também significa atabaque ou tambor

BATA – Batá significa tambor para culto de Egun e Sangô . Ritmo cadenciado especialmente para Xangô. Pode ser tocado para outros Orixás. Tocado com as mãos.

KORIN- EWE – Originário de Irawo, cidade onde é cultuado Ossain na Nigéria. O seu significado é “Canção das Folhas”.

OGUELE – Ritmo atribuído a Obá. Executado com cânticos para Ewá.

OPANIJE – Dedicado a Obaluaiê, Onile e Xapanã. Andamento lento marcado por batidas fortes do Run. Significa “o que mata e come”

SATÓ – A sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais rápido e marcado pelas batidas do Run. Dedicado a Oxumaré ou Nanã. Significa a manifestação de algo sagrado.

TONIBOBÉ – Pedir e adorar com justiça é o seu significado. Tocado para Xangô


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Instrumentos II

Atabaques

Os Atabaques são os principais instrumentos dos rituais no Candomblé.
Eles são de Origem africana e são utilizados para invocar a força dos Orixás e sua presença. São objetos sagrados e não saem de dentro dos terreiros como os que vemos nas ruas em atos festivos a exemplo nos Afoxés.



As membrnas dos atabaques são feitas com couros de animais ofertados à eles e independente dos meios aos que chegaram aos terreiros, os couros que neles chegam, são descartados e trocados por aqueles em que os animais já passaram por rituais e passam a ter uma energia diferente.


São três os que fazem parte do ritual: Rum, o maior que comanda os outros dois, o Rumpi o que fica ao meio e o menos que se chama Le. Estes são tocados por varinhas chamadas de Aguidavis.



Instrumentos

Adjá

Um instrumento sagrado e sem substituição nos rituais do Candomblé.
Na verdade, o adjá ou adjarin, é uma sineta de metal, feito em bronze ou metal dourado ou prateado. 
Serve para manter ou invocar a força do Orixá durante os rituais (festas, rezas e obrigações).

Quando um orixá chega e incorpora no corpo do filho, a Ekedji ou Sacerdote ,dentro do culto ao Orixá, vai guiando o Orixá ali presente utilizando o som do Adjá para que o mesmo a acompanhe.         
Também é utilizado para avisar sobre o começo de algum ritual, com o som emitido através do seu balançar, ele chama a atenção das pessoas presentes.

O instrumento é respeitado por todos os Orixás de Exú a Oxalá.
Usado em cerimonias festivas ou não, o Adjá é de suma importância no Candomblé, pois sem ele a presença do Orixá fica mais dificil de ser sentida.


Objetos

Pilão

Pertence à Oxoguiã.

Também considerado simbolo de Xangô, o Pilão foi criado principalmente para pilar, amassar o nhame, uma de suas comidas favoritas.

Com essa invenção, ficou mais fácil triturar seu alimento para comê-los.



Diz a lenda que após Xangô cometer um erro prendendo Oxolufã em seu reino por sete longos anos, ele foi condenado a acompanhar Oxolufã para onde quer que ele fosse, então passou a viver com ele em suas terras e passou a se vestir de branco.
Em uma de suas passagens, diz que ele carregava pilão para seu pai, fato que explica o Pilão ser considerado também, de Xango.

Além disso, também representa a força e em todas as casas de camdomblê o pilão se faz presente.



Erukerê

É feito com rabo de cavalo, usado pelos reis, representa realeza.
Especificamente usado por Odés (caçadores) ou Oxossi (Orixá da Caça) para trazer fartura, prosperidade e há quem diga que com ele Oxossi detém o poder e domínio sobre os espíritos das florestas.

Na África os Babalaôs usam como símbolo de status.




quinta-feira, 3 de maio de 2012

Descrição do campo

O local onde ocorrem as cerimonias e cultos no candomblé chama-se Terreiro ou Barracão.
O Terreiro visitado foi o Ilé Axé Omo Alade, comandado pelo Babalorixá Pai Jaques de Logun Edé.
Diferentemente do que se espera por conta do imaginário que se criou em torno do candomblé, logo ao entrar no local é possível perceber a limpeza e organização do ambiente e também a simplicidade.
O ambiente principal é uma sala comum com um piso frio, em tom azulado e paredes brancas. Todas as paredes são muito bem ornadas com quadros e alto-relevos representando ora ritos de iniciação, ora orixás.

No centro da sala há um pilar de sustentação em torno do qual foram colocados diversos objetos formando uma composição bastante trabalhada. Esta composição é o que mais nos chama a atenção ao entrarmos no ambiente. Ela representa Logun Edé. Nesta casa este orixá recebe mais destaque que os demais,pois o pai de santo que comanda o terreiro é filho deste orixá.


Entre os objetos destacam-se duas presas de elefante entalhadas e com faixas em espiral pintadas em tinta dourada. Estas peças de marfim estão colocadas cuidadosamente sobre pequenos pilares com capitéis ao estilo coríntio e tem claramente uma posição de destaque na composição. Ao nos aproximarmos é possível ver com mais clareza os detalhes dos entalhes no marfim. Eles representam por meio de desenhos a evolução da humanidade contada por etapas iniciando-se no topo e estendendo se para baixo ao longo de toda a peça. Nela, podemos observar o surgimento da humanidade, a escravidão, as ofertas realizadas, o sofrimento do negro e a catequização.
É interessante observar que pelo fato de o candomblé ser uma religião africana, a história da humanidade é contada a partir do ponto de vista dos negros que foram capturados e trazidos para o Brasil.
Ao centro, exatamente na frente do pilar de sustentação há uma ânfora de água bastante grande. Ela é azul e adornada com um rosto em alto relevo, pequenos Búzios, dois Chifres, uma representação de Arco e Flecha e um instrumento feito com rabo de cavalo chamado Erukerê.
Nos foi explicado que o nome desta ânfora é Quartilhão, e que a ânfora pequena na frente desta chama-se quartinha. Ao lado do Quartilhão, no chão há dois peixes, que juntamente com a água no interior das ânforas e os dois grandes cavalos marinhos dourados no topo do Quartilhão, representam os rios e a pesca, ao passo que o Erukerê, os chifres e o Arco e Flecha representam a caça.
Todos estes objetos são referências diretas a Logun Edé. Este orixá é filho de Oxum e de Oxóssi, e passa seis meses do ano nas matas caçando com Oxóssi e seis meses nos rios pescando com Oxum, sendo desta forma também um representante da fartura.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O Candomblé em São Paulo



A chegada do candomblé em São Paulo é recente, sendo que os primeiros registros de terreiros desta religião são da década de 80. O tipo de candomblé que se popularizou na cidade de São Paulo foi o Queto. Ele tem suas origens históricas e afetivas no antigo reino Iorubá da cidade de Queto, região onde hoje se localiza a republica de Benin, que faz fronteira com a Nigéria.  Quando surge em São Paulo, vindo principalmente da Bahia e do Rio de Janeiro, o Candomblé já chega como uma religião universal, e não mais como uma religião de preservação de patrimônio cultural do negro ou como uma religião étnica, como em outros estados.Desta forma, o candomblé acaba competindo por espaço com outras religiões universais importantes, como o catolicismo, as igrejas pentecostais, o espiritismo kardecista e a umbanda, além de seitas mais recentes de origem oriental.Em 1984 o Centro de Estudos da Religião "Duglas Teixeira Monteiro" realizou uma pesquisa com um extenso levantamento nos cartórios da capital. Esta pesquisa revelou os seguintes dados: Até o final da década de 1940 os registros acusavam a presença de 1097 centros kardecistas, 85 centros de umbanda e nenhum terreiro de candomblé. Nesta época a umbanda já começava, ainda que timidamente a ameaçar a presença do kardecismo. Ao final das década de 1980, os dados revelaram a presença de 17 mil terreiros de umbanda, 2500 centros kardecistas e 2500 terreiros de candomblé. Com a expansão da umbanda, o kardecismo, que representava 92% dos registros caiu para 3%, e o candomblé, que não tinha nenhum registro na década de 40 chegou a 14% dos registros. 



















Apesar de a umbanda ter se firmado como majoritária já na década de 50, o candomblé reduziu significativamente a velocidade de expansão da umbanda, pois segundo as primeiras investigações feitas junto aos candomblés de São Paulo, é da umbanda que saem, esmagadoramente os adeptos que passam a seguir o candomblé, ou seja, a expansão da umbanda tem muito a ver com a consequente expansão do candomblé. 






sábado, 21 de abril de 2012

Como surgiu o candomblé?


Segundo a lenda, no inicio de tudo não havia separação entre Orum, o Céu dos Orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos. Todos habitavam um lugar em comum e sem limitações entre homens e Orixás. 
Diz a lenda que quando o Orum ainda fazia o limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas e isso fez com que o céu imaculado dos Orixás fosse poluído. 
Olodumaré, o Deus Supremo, se revoltou com tamanha ousadia e resolveu limitar de uma vez por todas as ligações entre o céu e a terra. Com isso os Orixás não puderam mais frequentar a terra dos humanos. 
Agora havia o mundo dos Orixás e o mundo dos Humanos. Separados e isolados do Aiê, as divindades entristeceram. Entretanto, Olodumare deu uma nova oportunidade para os Orixás frequentarem a terra novamente, só que desta vez somente habitando o corpo dos seres humanos. Foi assim que Oxum teve a brilhante ideia de preparar o corpo do homem para tal feito. 
Oxum fez oferendas a Exú para propiciar sua delicada missão para que este permitisse a vinda à Terra. Chegando aqui, fez todos os atos e preceitos para preparar os cavalos, pessoas que recebem a energia do Orixá, para a tão aguardada iniciação ao culto às Divindades. 
Neste dia foi uma grande festa em reverência à força e dedicação aos orixás pois a partir deste momento todos poderiam conviver juntos novamente e neste dia teve início o Candomblé.